terça-feira, 26 de julho de 2011

Cientistas confirmam: água em Saturno vem de chuva em Enceladus

Utilizando imagens do telescópio espacial Herschel, cientistas europeus desvendaram um mistério que durava 14 anos e descobriram que o gigantesco padrão de vapor de água observado ao redor de Saturno é na verdade causado pela água que é expelida pela lua Enceladus, distante 180 mil km do topo das nuvens do gigante gasoso.

A descoberta também mostra pela primeira vez a influência química de uma lua sobre o planeta que orbita.

De acordo com Paul Hartogh, cientista que liderada as pesquisas do telescópio espacial junto ao Instituto Max-Planck, na Alemanha, Enceladus expele cerca de 250 kg de vapor de água a cada segundo, jorrados na forma de jatos a partir de uma região polar conhecida como Listras do Tigre, batizada assim devido às marcas em sua superfície.

As observações revelaram que a água jorrada pela lua cria uma espécie de toroide de vapor sobre Saturno e que chega a 600 mil km de diâmetro, cerca de 10 vezes o raio do planeta. Apesar de gigante, o toroide de vapor não é tão espesso, com cerca de 60 mil km de altura.

Mesmo tão grande, o toro de vapor passou despercebido por inúmeras observações visuais, mas acabou sendo detectado no comprimento da luz infravermelho, especialidade do telescópio espacial Herschel.

A atmosfera saturniana é conhecida por conter traços de água na forma gasosa nas camadas mais profundas, mas a presença de água na alta atmosfera permanecia um mistério.

A primeira vez que essa porção de vapor foi detectada foi em 1997, através do telescópio espacial infravermelho ISO, pertencente à agência espacial europeia, ESA, mas a origem do material ainda era desconhecida. De acordo com dados modelados a partir das observações do Herschel, entre 3% e 5% da água expelida por Enceladus caem no topo da atmosfera de Saturno.

No entender de Hartogh, não existe nada que possa ser comparado aqui na Terra. "Não existe quantidades significantes de água que chegam à Terra vindas do espaço exterior. Essa é uma característica única de Saturno", disse.

Estudos atuais mostram que a água na atmosfera superior do planeta é transportada para as camadas mais baixas, mas o volume da condensação é tão pequeno que as nuvens resultantes não são observáveis.

Ainda de acordo com o pesquisador, o fenômeno descoberto também é responsável pela produção adicional de outros compostos, como o dióxido de carbono.

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